O lugar das crianças nos estudos africanos: reflexões a partir de uma investigação com crianças em Moçambique

Autores

  • Elena Colonna

DOI:

https://doi.org/10.19177/prppge.v2e420093-23

Palavras-chave:

Criança, Crianças trabalhadoras, Infância

Resumo

A partir da apresentação de um projecto de investigação sobre a realidade das crianças que tomam conta de outras crianças nos bairros periféricos da cidade de Maputo, em Moçambique,  o artigo pretende levantar algumas questões mais gerais sobre a relação existente entre a investigação científica e as crianças do continente africano. Em primeiro lugar, nota-se que, apesar da faixa etária dos 0 aos 18 anos representar cerca da metade população africana, permanece ainda escasso o número de investigações científicas voltas ao estudo específico da realidade das crianças deste continente. Em segundo lugar, observa-se que, na maioria dos casos, quando as crianças constituem o objecto principal de investigação, se trata de crianças desfavorecidas ou que se encontram em situações excepcionalmente difíceis (crianças de rua, crianças chefes da família, crianças soldados, crianças trabalhadoras, crianças órfãs, ...). São raros os trabalhos que objectivam estudar a realidade das crianças consideradas “normais” dentro de um determinado contexto e ainda mais raros são os estudos que apresentam o ponto de vista das próprias crianças sobre as suas experiências e as suas vivências quotidianas. Em terceiro lugar, discute-se a legitimidade de aplicar o conceito de “infância”, assim como foi criado em Ocidente, ao estudo de contextos culturais profundamente diferentes, quais os dos países africanos. Finalmente, a comunicação conclui-se com uma reflexão sobre a possibilidade e as formas de conciliar a universalidade dos Direitos da Criança com as especificidades culturais de um determinado contexto local.

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Publicado

2009-12-30

Edição

Seção

Artigos