“Entre-Lugar”: Uma noção pós-colonizadora, desde o século XIX

Autores

  • Dilma Beatriz Rocha Juliano Universidade do Sul de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.19177/rcc.v13e22018219-231

Palavras-chave:

As vítimas-algozes. Quadros da escravidão. Joaquim Manuel de Macedo. Slavery. Between-place. Post-colonial.

Resumo

Grande parte dos escritos sobre a escravidão no Brasil tende a ratificar a hierarquia branco/negro atribuindo ao primeiro o poder imposto à força e ao segundo a submissão que o vitimiza. Lançando mão da noção de entre-lugar (Santiago, 2000) pretende-se uma leitura d’As vítimas-algozes. Quadros da escravidão (Macedo, 2006) apontando que, mesmo sob olhar branco abolicionista do autor, há uma figuração potente do negro para a luta contra sua condição de escravizado nas três narrativas que compõe o livro – Simeão: o crioulo; Pai-Raiol: o feiticeiro e Lucinda: a mucana. Nesta leitura, Joaquim Manuel de Macedo criaria uma contracena colonialista em que a perversão da escravidão lança senhores e escravos num jogo em que, ambos, desempenham posições de vítimas-algozes: os senhores almejando o enriquecimento pela exploração da ‘raça’ e os escravizados buscando resistir e revidar. Para o autor, a violência cometida pelos negros e negra não é atribuída à raça como característica biológica, mas à escravidão que é “árvore venenosa plantada no Brasil pelos primeiros colonizadores”. Assim, a escravidão como gesto político pode desnaturalizar a violência, permitindo que a força de luta negra apareça no ‘não-lugar’, no espaço intervalar que o próprio título do livro exibe.

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Publicado

2018-12-17

Edição

Seção

Dossiê “descolonizações: nas artes e entre culturas”