A CIÊNCIA E O CAPITAL: UM DEBATE SOBRE OS AVANÇOS DA INTERAÇÃO ENTRE UNIVERSIDADES E EMPRESAS EM MEIO AO ABANDONO DO ESTADO
Palavras-chave:
tríplice-hélice, estratégia tecnológica, universidade-empresa, financiamento públicoResumo
A cooperação Universidade-Empresa-Governo, também conhecida como tríplice-hélice, tem sido apontada como o caminho mais efetivo para integrar o mundo corporativo e acadêmico, incentivando projetos de inovação que apoiam o desenvolvimento tecnológico regional. Frente ao desmonte recente do sistema de financiamento público para pesquisas acadêmicas no Brasil, muitas Universidades tem avançado na estratégia de parcerias com as empresas, na busca de garantir recursos para a manutenção de suas atividades de pesquisa. Este artigo busca discutir como essas relações tem ocorrido em meio a este cenário, por meio de uma discussão teórica e prática, trazendo o exemplo de um estudo de caso realizado no Parque Tecnológico da Universidade de Sorocaba, no interior do estado de São Paulo. Foi possível evidenciar que a aproximação com a iniciativa privada é, acima de tudo, uma estratégia de sobrevivência no mercado para as instituições que trabalham com pesquisa. Em meio a um cenário político que aponta para a retração do papel do Estado enquanto provedor de recursos públicos para a pesquisa, esse movimento aparentemente irreversível desenha um novo cenário para a ciência e tecnologia no país, com a presença cada vez maior da iniciativa privada, que vai deixando o papel de cliente ou demandante de tecnologias e inovações gestadas na infraestrutura predominantemente pública de pesquisa do país, para ocupar o papel de protagonista no desenvolvimento tecnológico. Um cenário que continuará privilegiando apenas algumas áreas envolvidas com temas de interesse privado, que se convertem rapidamente em temas de interesse nacional, diminuindo o espaço para outras áreas da ciência, que precisarão encontrar sua própria forma de sobrevivência.