Os campos de realocamento estadunidenses

uma narrativa através do mangá they called us enemy, de George Takei

Abstract

Esse trabalho surge do recorte de uma dissertação de mestrado, que, entre outras coisas, anseia através dos mangás, não deixar as memórias dos sujeitos de outrora sejam esquecidas e soterradas sobre os escombros do tempo. Mais especificamente, nesse trabalho buscar-se-á narrar uma já então narrativa – a de Takei – a partir de uma experiência de tempo que não mais pertence ao sujeito contemporâneo comum, mas que ainda assombra os vivos, visto que o passado não trabalhado se torna memória difícil, por vezes traumática, e que não cessa de atormentar o presente. Dessa maneira, através do mangá They called us Enemy (Primeira Edição do ano de 2019), de George Takei, iremos observar e vivenciar com o autor, suas experiências acerca da Segunda Guerra Mundial fora do campo de batalha. Para isso, iremos variar entre leitor atento e historiador, lançando mão de conceitos presentes nas humanidades, ao passo que tentamos nos manter na linha de um leitor comum, com a intenção de consumir a narrativa do modo como ela foi planejada: a de um relato de vivências difíceis, e que serve como alerta para as fantasmagorias do mundo contemporâneo. Nesse ínterim, podemos observar como o autor de fato narra sua experiência como sujeito comum, que dado seu contexto lhe foi retirada sua liberdade, assim como a de muitos outros japoneses-americanos. Ainda nos relata acerca de muitas experiências traumáticas, e de que forma elas foram amenizadas por seus pais, pela infância e como a geração dos adultos dos anos 1940 foi a que mais sofreu nesse contexto. Por fim, toda a narrativa de Takei vai culminar em mostrar como a ideologia pacífica de se pai, seu respeito a democracia e aos valores estadunidenses, não vai se provar prática para quando os EUA enquanto nação precisou criar um inimigo nas mentes dos seus cidadãos – cidadãos esses que por vezes não estão ligados diretamente ao nascimento no país, mas simplesmente em serem detentores ou ausentes de determinadas características físicas; de outra forma, George Takei vai mostrar como o preconceito é um dos grandes vilões desse seu contexto histórico.