Técnica e desenvolvimento: perspectivas analíticas a partir de Álvaro Vieira Pinto e Martin Heidegger

Autores

  • Sandro Luiz Bazzanella
  • José Ernesto de Fáveri
  • Adilson Boell

Palavras-chave:

Técnica, Desenvolvimento, Hominização, Meios, Fins

Resumo

O presente artigo pretende colocar em jogo a relação entre técnica e desenvolvimento, entrecruzando duas matrizes filosóficas e seus respectivos posicionamentos “prometeicos” e “faústicos” diante desta relação na contemporaneidade.  Nesta leitura, o posicionamento do filósofo brasileiro Álvaro Vieira Pinto, pautado na tradição do materialismo histórico-dialético vincula-se a uma visão “prometeica” da técnica. A técnica é um dos elementos que compõem a dinâmica antropogenética que desembocou no processo de hominização que nos trouxe a atualidade da condição humana. O humano produz o humano e o mundo. Para Álvaro Vieira Pinto, o homem em sua animalidade primeva foi colocado à prova pela natureza a produzir e a produzir-se.  Por seu turno, o filósofo alemão Martin Heidegger, vinculado à tradição fenomenológico-existencialista, assume uma postura “faústica” diante da técnica. A técnica não é a mesma coisa que a essência da técnica. A essência da técnica não é, de modo algum, coisa que se reduza ao âmbito técnico. Partir do técnico como condição de sua essência não possibilita alcançar a essência, o que limita a liberdade de pensar as implicações sobre a vida, sobre as possibilidades de ser e estar (apresentar-se) no mundo. Deste debate o que pode ser apontado como perspectiva argumentativa comum a ambos os pensadores é o risco que se apresenta quando da essencialização da técnica. Desta forma, refletir as relações e implicações entre técnica e desenvolvimento, significa manter vivo o desafio humano de constituir-se em sua humanidade e mundanidade.  De ter presente que a técnica é resultante das necessidades humanas de sobrevivência e, concomitantemente, de sua capacidade criativa, inventiva e lúdica, de posicionamento diante da natureza, de si mesmo e dos outros seres humanos que condividem o espaço e o tempo da vida em curso, no esforço de conformar um mundo que possa acolher os desejos e as necessidades humanas demasiadamente humanas.

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Publicado

2013-12-16

Edição

Seção

Artigos