IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS ENTRE INVENÇÕES E AFETOS
UMA CONTRIBUIÇÃO FEMINISTA
Palavras-chave:
Ideologia linguística, Gênero, Feminismo, Invenção, AfetoResumo
ste artigo é uma contribuição teórica de inspiração feminista ao campo das ideologias linguísticas provocada pelas disputas metadiscursivas em torno dos usos do gênero gramatical no Português Brasileiro. A partir da reflexão crítica sobre a conceituação do termo “ideologia linguística” na literatura, propõe-se a necessidade de inserção de duas dimensões geralmente relegadas neste debate: a inventiva e a afetiva. Para tanto, discute-se como as ideologias linguísticas operam com base em crenças sobre como a língua funciona ou deveria funcionar, mas são construídas enquanto representações ligadas a regimes ontológicos de verdade referencial. Pensar o funcionamento ideológico da linguagem a partir das perspectivas da invenção (Wagner, 2012) e do afeto (Ahmed, 2014) enquanto ferramentas teóricas e práticas de ação social preconizadas pelos estudos feministas possibilita entender em maior profundidade as pressuposições e acarretamentos de uma política de signos que alinha determinados corpos falantes entre si, excluindo outros da matriz normativa de significados, legitimando e sedimentando projetos de hierarquização e exclusão.