Análise comparativa entre a Farmacopeia Ayurvédica da Índia e a Farmacopeia Brasileira considerando as espécies vegetais com indicação terapêutica para Prameha

Autores

  • B. E. Neves Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
  • G. C. Gouvea Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
  • N. C. B. Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Palavras-chave:

Ayurveda, Prameha, Diabetes Mellitus, Farmacopeia, Plantas medicinais

Resumo

O Ayurveda é uma das medicinas tradicionais da Índia, reconhecida e devidamente legalizada, que atua lado a lado com a medicina contemporânea. Na Índia conta com cerca de 450.000 profissionais habilitados, 250 instituições de ensino, 8000 farmácias especializadas, 2480 hospitais e clínicas que juntas oferecem 44820 leitos, assistindo 70% da população, seguindo os princípios do Ayurveda. No Brasil, desde 2017, o Ayurveda faz parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), sendo considerada uma medicina do estilo de vida. Atualmente, uma das doenças de estilo de vida que mais leva ao óbito mundialmente é o Diabetes Mellitus. Segundo estimativa da International Diabetes Federation (IDF), em 2040 o Brasil terá 23,3 milhões de pessoas acometidas pela doença. Apesar do Ayurveda possuir uma classificação fisiopatológica das doenças distinta da encontrada na medicina contemporânea ocidental, com relação à Diabetes Mellitus é possível identificar uma forte similaridade com os distúrbios metabólicos denominados nos textos clássicos do Ayurveda como Prameha. Assim, com o objetivo de contribuir para a possível ampliação da abordagem terapêutica utilizada atualmente no país, foi realizado um estudo comparativo entre as plantas descritas na Farmacopeia Ayurvédica da Índia (FAI) que possuem indicação de uso para Prameha com a sexta edição da Farmacopeia Brasileira (FB). Dentre as 394 espécies vegetais encontradas nos 6 volumes da FAI, 81 destas possuem indicação terapêutica para Prameha, dentre elas Cassia fistula, Cicer arietinum, Ficus religiosa, Piper longum. Curcuma longa e Cymbopogon martini sendo que apenas as 2 últimas são comuns a ambas as Farmacopeias. De acordo com a 2a edição do Formulário de Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira, C. longa é descrita com ação anti-inflamatória e anti-dispéptica e C. martini não teve sua indicação de uso descrita. Assim, observou-se que estas espécies apesar de serem comuns às Farmacopeias, não possuem indicação para diabetes no Brasil. A avaliação do uso terapêutico reconhecido pelo governo da Índia pode servir de instrumento para o uso dessas plantas no Brasil, ampliando as possibilidades terapêuticas disponíveis na saúde pública do país. Este estudo sugere uma ampliação da análise, considerando avaliações de segurança, eficácia e regulamentação de uso no país. 

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Publicado

2022-12-07