Produção do cuidado com práticas integrativas e complementares na percepção de gestores municipais de saúde

Autores

  • G. Trevisan Universidade Federal de São Carlos – SP
  • L. C. Pereira
  • L. A. Sousa Universidade Federal de São Carlos – SP
  • A. B. Feliciano Universidade Federal de São Carlos – SP
  • M. V. Silva Universidade Federal de São Carlos– SP
  • A. B. C. Francheschini Departamento Regional de Saúde de Araraquara – SP

Palavras-chave:

Terapias Complementares, Gestor de saúde, Atenção Primária à Saúde

Resumo

INTRODUÇÃO: Há uma crescente procura dos profissionais de saúde e dos usuários pelas Práticas Integrativas e Complementares (PIC), reconhecidas como um novo modelo de cuidado integral ao paciente. Com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), as mesmas ganham visibilidade por meio da oferta dessas abordagens terapêuticas nos serviços de saúde no país e por corroborarem com os princípios do SUS. Esse estudo objetiva identificar o papel das PIC na assistência ao cuidado na Atenção Básica, segundo a percepção de gestores de saúde. METODOLOGIA: Trata-se de parte de uma pesquisa quanti-qualitativa, realizada com 24 gestores municipais de saúde ou representantes destes, realizada em um Departamento Regional de Saúde (DRS) do interior paulista. Aplicou-se um questionário de forma online com perguntas acerca da oferta de PIC no município, e realizou-se encontros virtuais com os entrevistados para a validação das respostas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos 24 gestores que  participaram, 79,16% informaram oferta de PIC no seu município. Segundo os gestores, há participação dos profissionais de saúde e dos usuários, conforme recorte: “A gente começou oferecendo alguns cuidados, né. Então a gente ofereceu Reiki (...) e algumas atividades em grupo, como meditação (...). E a partir da população que a gente atendia, principalmente numa unidade (de saúde da família), onde a gente ficou mais tempo, desde que a gente começou o NASF (…) e atividade com plantas medicinais”. Ademais, têm-se a valorização da gestão acerca da oferta das PIC e reconhecimento do protagonismo de profissionais de saúde e usuários na inserção das PIC: “[...] a gestão entende o valor das práticas”; “foi um protagonismo do NASF e com a ajuda dessas pessoas que já faziam a prática [...] Então, eu acho que essa confiança na equipe, nas propostas que a equipe traz para a gestão com relação as PIC [...] e aí quando experimenta vê o resultado, e aí entende que é muito legal né, que é muito bom”. Além disso, foi identificado o modelo de cuidado advindo das PIC e a importância da Atenção Básica como local de inserção das PIC por meio do trecho “A gente ouve relatos de benefícios (...) É na atenção primária que você amplia o cuidado né, na minha opinião, as PICs vêm para ampliar esse leque de oferta (...). Na atenção primária eu acho que você está mais perto da população, você tem como junto com a população construir essa prática”. Destacamos como significativo que para cerca de 20% dos gestores, a PIC ainda não esteja difundida como prática. CONCLUSÃO: As PIC estão presentes como prática para a maioria dos gestores. Observa-se que a diferença se situa no fato que, em geral, o protagonismo ainda é dos profissionais de saúde que por interesse buscam a formação e o desenvolvimento das mesmas. Espera-se que em pouco tempo os gestores passem de apoiadores a verdadeiros protagonistas para a consolidação das PIC como estratégia para romper com o cuidado voltado para o modelo biologicista, promovendo um  diálogo mais abrangente e holístico entre paciente, equipe e gestão.

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Publicado

2022-12-07