Terapia comunitária integrativa e saúde mental de professores universitários na pandemia de COVID-19

Autores

  • P. A. L. Carvalho Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • V. T. C. Santos Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • H. F. T. Reis Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • L. C. P. Peixoto Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • D. B. Ribeiro Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
  • E. L. S. Sena Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Palavras-chave:

Instituições Acadêmicas, Terapias Complementares, Cuidado

Resumo

A pandemia da COVID-19 acarretou mudanças no processo ensino-aprendizagem e necessária adequação rápida e inesperada, o que pode gerar desconforto no docente e repercutir diretamente em sua saúde mental.A pesquisa objetivou: compreender a  percepção de docentes universitários sobre a Terapia Comunitária Integrativa (TCI) como estratégia de promoção da saúde mental. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, fenomenológica e interventiva, realizada com docentes do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, Bahia, Brasil. As descrições vivenciais foram produzidas mediante entrevista fenomenológica, cujo material resultante foi analisado sob a técnica Analítica da Ambiguidade. Os aspectos éticos foram respeitados e a pesquisa teve sua aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da referida universidade através do parecer n° 333.535. As descrições foram discutidas à luz das cinco dimensões do corpo próprio apresentadas por Merleau-Ponty, a saber: corpo habitual, perceptivo, sexual, falante e corpo do outro. As docentes expressaram carência de interação entre elas, fato que tem se constituído realidade no cotidiano da vida acadêmica e que se agravou na emergência da pandemia. Mediante as descrições percebemos que no espaço de fala e escuta simultâneas, característico das rodas de TCI, elas tiveram a oportunidade de vivenciar o fenômeno do corpo habitual, uma vez que puderam expressar sentimentos de forma espontânea e sem a preocupação com censuras ou sujeição a julgamento social. Além disso, a dinâmica de articulação de falas e produção de reflexões que aconteceram nas rodas corresponderam ao que Merleau-Ponty designou de corpo falante. Falas gerando outras falas e, assim, nas descrições das docentes percebemos que nas rodas de TCI o que, essencialmente, se configurou terapia foi a experiência da partilha, da intersubjetividade, do encontro vivencial. Também percebemos que uma das necessidades essenciais das docentes foi a interação entre elas, a convivência. Notamos que a interação social dos pares no ambiente de trabalho é fundamental para promover a saúde mental. Assim, compreendemos que interação social equivale a uma vivência do corpo sexuado em Merleau-Ponty. Em tempos de pandemia, integrar a iniciativa de engajamento em grupos, mesmo que online, é fundamental para o fortalecimento da autoestima, o que se evidenciou nas rodas de TCI. Essa iniciativa e atitude devem-se a nosso corpo perceptivo, dimensão que nos impulsiona para agir, seguir em frente. Ademais, as falas desvelaram que a pessoa que entra na roda de TCI com profundo sentimento de culpa, medo e angústia, pode sair sentindo-se aliviada, momento em que experimenta a transcendência, ou seja, a vivência do corpo do outro. As rodas de TCI em ambiente virtual se mostraram eficazes ao compartilhamento de demandas psicossociais e físicas, bem como à busca de soluções conjuntas, evidenciando o potencial dessa estratégia como prática integrativa e complementar ao modelo de atenção à saúde pública brasileiro. 

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Publicado

2022-12-07