Abordagem fitoterática na acne vulgar

há eficácia para uso do Óleo de Melaleuca?

Autores

  • T. L. Demuner Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS). Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
  • S. R. Mariz CCBS-UFCG

Palavras-chave:

fitoterapia, óleo de Melaleuca, acne vulgar, PICS

Resumo

Ao mesmo tempo que a acne vulgar apresenta importantes implicações psicológicas e sociais nos afetados, seu tratamento de primeira linha, com retinóides e/ou antibióticos, está associado a diversos efeitos adversos como: intolerância gastrointestinal, irritação cutânea e fotossensibilidade. Abordagens terapêuticas naturais têm sido buscadas, devido a sua melhor tolerabilidade, além de ser uma alternativa à resistência bacteriana e um incentivo à fitoterapia, enquanto prática integrativa e complementar em saúde (PICS). O óleo de Melaleuca já demonstrou, entre suas propriedades, efeitos anti-inflamatórios e antissépticos, o que explica a crescente aplicação desse derivado em produtos voltados para o tratamento de doenças da pele. Dessa forma, essa revisão busca investigar, na literatura, evidências científicas que o óleo da Melaleuca alternifolia pode ser empregado como conduta segura e eficaz no tratamento da acne. Para confecção desta revisão integrativa da literatura, foi feito uma busca nas bases de dados PubMed (National Library of Medicine) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), com utilização dos descritores “tea tree oil” e “acnes vulgaris” e, como filtro de busca, apenas textos disponíveis completos. Para critérios de inclusão, deveriam ser ensaios clínicos e atender o objetivo da pesquisa. Foram excluídas revisões bibliográficas, publicações repetidas e quaisquer textos que não serviam ao propósito desta revisão. Ademais, um artigo do PubMed foi incluído por “correspondência de citação”. Foram selecionados cinco ensaios clínicos em pacientes com acne vulgar de leve a moderada, publicados entre 1990 e 2018. Três estudos compararam a contagem total de lesões no início e fim dos seus respectivos tratamentos e obtiveram valores de redução estatisticamente significativos (entre 44 e 64%). Entre esses trabalhos, dois avaliaram redução do índice de gravidade da acne que, quando comparados aos seus grupos placebo, se mostraram 5,75 e 14,75 vezes mais eficazes aplicando seu respectivo produto vegetal. Esse último, entretanto, utilizou o óleo em mistura com própolis e Aloe vera, fator que pode ter contribuído para resultados superiores. Ainda, contrastou a eficácia do extrato herbal com da eritromicina, a qual apresentou menor valor para redução das lesões, evidenciando o potencial da fitoterapia como alternativa à resistência bacteriana. Duas pesquisas compararam efeitos do óleo de Melaleuca entre lesões inflamatórias e não-inflamatórias e observaram maior eficácia nessas primeiras, fenômeno possivelmente indicativo que bioativos dessa planta sejam mais eficazes em inflamações ativas. Apenas dois dos cinco ensaios revisados relataram presença de efeitos adversos como queimação, ressecamento e prurido, entretanto, entre a minoria dos pacientes ou com intensidade leve, uma vantagem quando comparado às possíveis repercussões do tratamento usual da doença. Todos os estudos identificaram que o óleo, associado ou não a outros ativos, gera uma redução estatisticamente significativa do quadro acneico dos pacientes avaliados, sem efeitos adversos graves. O derivado vegetal apresenta vantagem de possuir menos efeitos  colaterais que medicamentos de primeira linha, desvia do entrave da resistência bacteriana e é um meio de promoção de políticas nacionais voltadas à fitoterapia, enquanto PICS. Ao mesmo tempo, é fundamental apontar que a acne vulgar possui etiologia multifatorial e muitos fatores irão interferir nos resultados do tratamento.

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Publicado

2022-12-07