Práticas integrativas e complementares como modelo de cuidado que potencializa a vida

Autores

  • C. S. Spindola Universidade Federal de São Carlos
  • A. B. C. Franceschini Departamento Regional de Saúde de Araraquara - SP
  • M. V. Silva Departamento Regional de Saúde de Araraquara - SP
  • L. E. Duarte Universidade Federal de São Carlos
  • F. Z. Beneli Núcleo Ampliado de Saúde da Família – São Carlos- SP
  • L. A. Sousa Universidade Federal de São Carlos

Palavras-chave:

Terapias Complementares, Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica, Sistema Único de Saúde, Assistência Integral à Saúde

Resumo

INTRODUÇÃO: As Práticas Integrativas e Complementares (PIC) apresentam-se como modelo de cuidado integral e contribuem para superar a fragmentação do cuidado pautado, predominantemente, no modelo biomédico, tendo sido incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006 por meio da publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). O modelo de cuidado proposto pelas PIC ressalta a importância da produção compartilhada de saberes, do olhar integral para o sujeito e do investimento em mecanismos naturais nos processos de cura, atuando na prevenção e na promoção, manutenção e recuperação da saúde. Este trabalho tem como objetivo refletir acerca das PIC como modelo de cuidado integral promotor de saúde. MÉTODO: Trata-se de um estudo de abordagem quanti-qualitativa de natureza descritiva, realizado por meio de questionário e entrevista semi-estruturada via remota com profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF - AB) de uma região do Estado de São Paulo. Os dados foram analisados pela análise temática de conteúdo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), CAAE: 12417619.7.0000.5504. RESULTADOS E DISCUSSÕES: De acordo com os relatos de profissionais NASF, “Acredito na potência das PICS para um cuidado integral da saúde” (Profissional do NASF-1). “Eu vejo as PICS como uma chave para muitos cuidados que podem ser melhorados sem o uso de medicamentos, ou associado a eles e que trazem uma grande melhora na qualidade de vida e saúde dos usuários” (Profissional do NASF-2), observa-se as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde enquanto cuidado integral que revela também a necessidade de reavaliação do modelo biomédico, fundamentado no conhecimento especializado e fragmentado do ser humano. O modelo de cuidado proposto pelas PICS ressalta a qualidade de vida e a perspectiva da saúde. A implantação das PIC impacta na mudança do usuário em buscar alternativas em suas formas de viver, buscando nos métodos integrativos a promoção à saúde. Incentiva-se, dessa forma, a autonomia, autocuidado, corresponsabilização no processo saúde-doença. Esse modelo de cuidado contrapõe com o modelo de atenção hegemônico utilizado majoritariamente no SUS, em que o indivíduo busca os serviços de saúde após a doença instalada, e valoriza-se mais os tratamentos alopáticos. CONCLUSÕES: Os relatos extraídos das falas das profissionais do NASF explicitam o saber da experiência do trabalhador do SUS, onde o modelo de atendimento oferecido, em grande parte atualmente, ainda muito medicalizante e médico-centrado, causa uma grande lacuna no cuidado, expresso no devir do cuidado que pode ser melhorado. As práticas alternativas, integrativas e complementares estão na contramão desse modelo produzindo o cuidado integral e promovendo o autocuidado. Trata-se um modelo em que o cuidado com o paciente vai além da queixa aparente, em uma visão holística e ampliada, que fortalece o SUS, seus princípios e valoriza a vida. 

Downloads

Publicado

2022-12-07