Inclusão da medicina Ayurvédica na atenção primária em saúde

Resumo

INTRODUÇÃO: O estudo analisou a percepção dos profissionais de saúde que atuam na Atenção Primária em Saúde (APS) e de  usuários de saúde de um município do oeste catarinense quanto os determinantes para a implantação de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), com ênfase a Medicina Ayurvédica, no Sistema Único de Saúde. O trabalho foi realizado a partir da necessidade de servir como etapa do diagnóstico situacional para a implantação da Política Nacional de Praticas Integrativas e Complementares no município. MÉTODOS: Esta foi uma pesquisa descritiva exploratória de caráter qualitativo, composta por treze profissionais de saúde divididos em dois grupos focais e quatorze usuários de saúde divididos em três grupos focais. O estudo
ocorreu na Casa de Cultura e Esportes do município entre os meses de novembro a dezembro de 2019. A coleta de dados contou com roteiro de questões previamente elaborado e gravador de voz, tendo duração em média de uma hora para cada grupo focal. A análise de dados ocorreu por meio da técnica de análise de conteúdo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Como resultados foram extraídas as categorias de análise “Obstáculos”, “Gestão do serviço” e “Paradigma biomédico”. Na categoria Obstáculos os participantes apontaram  desafios tais como a falta de conhecimento e divulgação para a aproximação da população às práticas terapêuticas ayurvédicas, a
resistência com um novo modelo de cuidado e a falta de profissionais de saúde capacitados. Na categoria Gestão do Serviço os participantes ressaltam a necessidade de priorizar a capacitação dos profissionais e organizar o processo de trabalho para efetiva aplicação do Ayurveda, considerando a sobrecarga de trabalho e a infraestrutura da unidade. Ainda, os usuários declararam ser preciso maior iniciativa, comunicação e participação da gestão com a sociedade civil. Por fim, a categoria Paradigma Biomédico faz relação ao papel do médico que, apesar dos avanços continua tendo centralidade, com destaque sobre a pouca aceitação, valorização e desconhecimento dos médicos sobre o tema. É exposto que o saber e o poder de escolha em grande parte exclusivo do médico pode levar ao alheamento do indivíduo do seu processo de cuidado impossibilitando a sua autonomia.Ademais, os participantes ainda apontam o papel da medicalização da sociedade ao abordarem aspectos como a praticidade, comodidade e ideia de necessidade para o uso de medicamentos, ressaltando a prevalência do modelo biomédico e a questão da falta do
autocuidado, e não prevenção e promoção da saúde. CONCLUSÃO: Demarca-se a necessidade de qualificação permanente e divulgação das práticas terapêuticas ayurvédicas junto à população. A iniciativa e apoio da gestão também foi destacada, bem como, a necessidade de novas abordagens quanto ao cuidado em saúde, minimizando a influência da biomedicina frente as ações que priorizem a prevenção e promoção da saúde, com foco no cuidado integral e holístico, escuta ativa e promoção do
autocuidado.