Visão sobre PICS entre residentes de medicina de família e comunidade, em São Paulo

Autores

  • Mariana Cangussú Fagundes
  • Salomão Ellen Tabuse Yoshimura
  • Marcos Takeichi Yoshiro

Palavras-chave:

Medicina de Família e Comunidade, Práticas Integrativas e Complementares, Atenção Primária à Saúde

Resumo

No Brasil, o debate sobre Práticas Integrativas e Complementares – PIC’S – desde a década de 1970, ganha espaço “institucional” no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2006, com a Portaria que define o programa e o acesso a estas práticas em todo o Brasil. Mesmo após vários anos as PIC’S estão pouco presentes na formação médica e nos programas de residência. Tendo em vista que a Atenção Primária à Saúde (APS) é considerada a melhor maneira de inserção das PIC’S no SUS, tanto pela prática individual de cada profissional quanto por profissionais matriciadores, decidimos então investigar o nível de conhecimento dos Residentes de Medicina de Família e Comunidade (MFC) em nosso serviço, na Zona Leste de São Paulo, a respeito das PIC’S e pensar em estratégias possíveis e eficazes de sensibilização, pela importância destas práticas no âmbito da Atenção Primária, locus prioritário de prática dos Médicos de Família. Esta pesquisa de opinião não fez uso de dados pessoais dos participantes, não necessitando de comitê de ética. Foi utilizado o Google Docs on-line para aplicação de um questionário aos participantes, aplicado de Dezembro a Janeiro de 2020 para duas turmas de residência, no primeiro e segundo ano de formação; e Março de 2021 com os novos ingressos do programa. De uma amostra de 56 residentes, 36 participaram da pesquisa, sendo que 34 sabem o que são PIC’s. Desses 34, 20 referiram ter conhecimento sobre a quantidade de práticas que fazem parte da PNPIC’s. Sobre a crença acerca dos benefícios e decisão médica de fornecer acesso a alguma PIC, 100% dos participantes acreditam nos benefícios, e apenas 1 não facilitaria o acesso ao paciente que acompanha, embora 50% não sabe as indicações precisas e mais de 64% não sabe como fazê-lo pelo SUS. Esses dados coincidem com pesquisas prévias sobre o tema que demonstram o desconhecimento dos profissionais sobre as PIC’S, e a formação insuficiente tanto durante a graduação quanto em educação continuada. Nossa pesquisa aponta onde há maior defasagem e nos permite intervir.As primeiras conclusões indicam que, apesar do interesse demonstrado pelos médicos residentes no uso das PIC’S para o cuidado de seus pacientes, vistas, em geral, como prática que pode compor o projeto terapêutico, é grande o desconhecimento em relação às indicações e como acessar as PIC’S dentro da Rede de Saúde. Desse modo, o uso das práticas como parte da terapêutica do paciente fica restrito no que tange a ação médica, sendo necessário intervenções na formação do grupo de residentes avaliados para ampliação do cuidado da população e ampliação do arsenal terapêutico do Médico de Família e Comunidade.

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Publicado

2022-12-07