Uso de terapia comunitária integrativa entre estudantes de um curso universitário brasileiro

Autores

  • V. P. Carvalho Universidade Federal da Bahia
  • M. T. Á. D. Coelho Universidade Federal da Bahia
  • M. B. B. Carmo Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave:

Terapias complementares, Universidades, Estudantes

Resumo

Práticas Integrativas e Complementares é uma expressão adotada no Brasil para fazer referência a um grupo heterogêneo de práticas de saúde que compartilha características que em sua gênese o distingue da biomedicina. Esse é o caso da Terapia Comunitária Integrativa (TCI), reconhecida no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017, por meio de uma portaria do Ministério da Saúde que ampliou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. Essa prática foi criada no território brasileiro e tem como um de seus fundamentos a promoção de redes solidárias e de apoio na comunidade. Nesse sentido, é possível que sua utilização apresente potencial no fortalecimento do SUS, notadamente no que tange à promoção da saúde, ao cuidado integral, à intersetorialidade e à participação social. Esta pesquisa objetivou explorar o uso da TCI entre estudantes de um curso universitário brasileiro. A coleta de dados ocorreu em 2019, em duas etapas. No primeiro momento, discentes ingressantes responderam a um questionário semiestruturado no qual, entre outras perguntas, deveriam indicar o uso de práticas de saúde. Na segunda etapa, por
sua vez, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com acadêmicos veteranos, nas quais também foi investigada a adoção de práticas de saúde. Dessa forma, com o uso desses instrumentos, foi possível coletar dados de estudantes ingressantes e veteranos. Os dados foram organizados em um editor de planilhas e processados no IRaMuTeQ e IBM SPSS Statistics. A análise foi realizada com base na técnica de análise de conteúdo, tendo sido criadas, à priori, as categorias “uso de TCI entre ingressantes” e “uso de TCI entre veteranos”. O projeto de pesquisa foi aprovado por um comitê de ética, atendendo aos preceitos relacionados com as investigações que envolvem seres humanos. Em relação ao uso de TCI entre ingressantes, observou-se que, dos 184 questionários respondidos, somente em seis (3,26%) houve menção à utilização dessa prática. Nesse sentido, é provável que mesmo que tenha sido incluída no elenco de serviços oferecidos no SUS, em 2017, a TCI ainda não apresenta grande disseminação na sociedade brasileira. Alguns aspectos, como a ausência de recurso financeiro específico destinado às práticas integrativas e a baixa formação de trabalhadores da saúde com expertise no manejo dessas práticas, podem estar relacionados com essa questão. Por outro lado, durante as entrevistas, o uso de TCI entre veteranos revelou que, no ambiente acadêmico, existem iniciativas de adoção dessa prática. Logo, é capaz que haja aceitação de sua utilização, aspecto que contribui com a possibilidade de ser inserida na formação dos estudantes. Portanto, considerando a necessidade de promoção da saúde na contemporaneidade e as potencialidades das práticas integrativas nesse sentido, os resultados deste estudo aventam a possibilidade de existência de uma oferta incipiente de TCI nos serviços de saúde, ao mesmo tempo em que indicam a presença de uma certa abertura para sua adoção entre os universitários do grupo estudado. Novas investigações devem ser conduzidas com o intuito de explorar mais profundamente essas questões, inclusive no que diz respeito a sua utilização no interior do SUS.

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Publicado

2022-12-06